Auto-proteção
A sensação foi de grande alívio ao ver surgir, por entre a vegetação, papai, mamãe e Nahuel, seguidos por Félix, Demetri, Jane e Alec. Minha vontade foi correr e abraçá-los, mas algo parecia segurar nossas pernas. Falar era inútil, pois até o som era camuflado e não chegava em quem estava do lado de fora daquela bolha de ilusão criada por Nina. Estávamos presos. Mas qual não foi a surpresa de Nina ao ver mamãe continuar caminhando em nossa direção, contrariando seus comandos mentais.
_ Carlisle, Edward chegou logo após a saída de vocês e... _ mamãe estranhou que não estivéssemos esboçando qualquer reação. Acredito que parecêssemos estátuas vivas, ali paradas, envolvidas pelo canto de Nina.
Papai estranhou mamãe estar falando a esmo, com o nada, apesar de poder ouvir nossos pensamentos.
_ Bella, o que você vê? Ouço vários pensamentos, mas não vejo nada aqui a não ser ávores... 
_ O que está acontecendo? _ exigiu Jane!
_ Rastreei Marcus, Caius, Chelsea, alguns dos Cullen e outros vampiros que não identifiquei, além de um cheiro peculiar de cachorros ou lobos... Mas o rastro acaba aqui _ disse Demetri, farejando o ar à sua volta.
_ Parem, todos vocês. Não é possível que não estejam vendo o que vejo... Nessie! Carlisle! Jake! _ Nos chamava mamãe, nos tocando e andando entre nós, impaciente diante de nossa apatia. Estávamos inertes à sua ação e aquilo estava me deixando desesperada. Tive então a ideia de me comunicar mentalmente com papai.
"Papai, estamos presos dentro da ilusão criada por Nina. Ela está usando seus poderes e se protegendo, fazendo com que acreditem não estar vendo nada aqui. Mamãe certamente é imune ao seu dom, então diga a ela para estendê-lo a vocês e se identifique à vampira de cabelos compridos na porta da casa. Diga quem são."
_ Bella, estenda seus poderes a nós. Eles estão presos numa ilusão de ótica criada por nossa amiga, por isso não conseguimos vê-los.
Mamãe, então, formou uma enorme bolha de proteção ao redor do grupo. 
_ Olhem Marcus e Caius, ali! _ apontou Alec, surpreso com o novo cenário que se formava à sua frente.
_ Interessante esse seu poder, Bella _ comentou Jane, com uma certa admiração.
_ Mas porque eles estão assim inertes? _ estranhou Félix.
_ Calma, eles estão sob o poder de Nina, aquela vampira ali na porta. Vamos caminhar até ela, Bella. _ pediu papai.
Enquanto caminhavam, papai falava com Nina.
_ Nina, somos amigos. Sou Edward, filho de Carlisle e Esme. Pode abaixar a guarda, estamos aqui em paz e não estamos mais sob o efeito do seu dom. Podemos vê-los.
Nina, então cessou seu canto, libertando-nos imediatamente daquele transe horrível. Mamãe, então, pôde relaxar e deixar de usar os seus também, correndo ao meu encontro e me abraçando. Todos nós estávamos meios desnorteados.
_ O que eles estão fazendo aqui? _ desesperou-se Nina, apontando para Jane e Alec _ Aro disse para eu nunca me mostrar a eles ou então... _ hesitou em continuar.
_ Ou então o quê? _ perguntou Johan.
_ Ela teme pela vida do seu bebê, dado a ela por Aro, como uma espécie de recompensa _ revelou papai, lendo seus pensamentos.
_ Um bebê? _ indagou Johan. _ Que bebê é esse, Nina?
Nina franziu a testa, diante da revelação feita por papai, e balançou a cabeça assustada, como se quisesse negar tal afirmação. Inesperadamente, ela correu para dentro de casa, puxando Johan pela mãos e fechando a porta, em seguida, voltando a usar seus poderes. 
"Vocês nunca me encontraram, nunca me conheceram..." repetia ela, alucinadamente. Porém, mamãe foi veloz em usar seus poderes logo que percebeu o que ela pretendia, e nos protegeu de mais essa ação de Nina.
_ Marcus, Caius, posso impedi-la de usar seus poderes, se quiserem. É só ordenarem. _ se dispôs Jane, como se estivesse sedenta por aquilo.
_ Por favor, Caius e Marcus, não é preciso. Podemos lidar com isso de outra forma... _ implorou Carlisle.
_ Que forma? Por mim,  acabávamos esse problema já, Marcus. Vocês não ouviram Edward? Ela tem um bebê lá dentro. Conhecem muito bem as leis. _ mandou Caius.
_ Lei por lei, quem teria que pagar pela transgressão dela seria Aro e não Nina, pois foi ele quem a concedeu esse "presente" _ lembrou Marcus a Caius.
_ Nina, ninguém fará mal ao bebê. Eu a ajudo a protegê-lo. Confie em mim _ gritou Rosalie, surpreendendo a todos.
_ Pare com isso, Rosalie! Não se envolva nessa questão. Não desta forma. _ exortou Carlisle.
_ Nina, por favor, pare de usar seus poderes contra nós. Já não demos provas suficientes que estamos aqui para ajudá-la? Meus filhos e minha neta também correm risco e precisamos de você, querida. Vamos nos unir e nos ajudar mutuamente _ disse Esme com a doçura que lhe era peculiar, parecendo causar algum efeito sobre a vampira. A onda de som, causada por aquela espécie de mantra, que batia na bolha de proteção feita por mamãe, começou a diminuir e, então, cessou. Por precaução, mamãe continuou usando seus poderes. 
_ Deixe-me entrar e falar com ela Carlisle _ pediu Esme.
_ Eu vou junto _ comunicou Rosalie, sendo contrariada por vovô.
_ Esme vai e você fica aqui, Rosalie. Bella, pode recolher seu poder.
E, então, Esme avisou em alta voz:
_ Nina, estou entrando. 
De dentro da casa, a resposta:
_ Venha e traga Rosalie. Ela me ajudará a proteger meu bebê.
Rosalie, esboçou um leve sorriso de satisfação, e, com um cinismo aparente, defendeu-se.
_ É ela quem está pedindo.
_ Vá Rosalie, mas deixe sua mãe lidar com isso _ instruiu Carl.


O segundo segredo é revelado
Do alto da colina, avistamos, na parte baixa do vale, um pequeno vilarejo. Talhada em uma placa no que devia ser a entrada do lugar, estava escrito "Benvenuti al Villaggio di Dimenticato" (Bem Vindo ao Vilarejo de Dimenticato). A tal vila parecia ser algo esquecido e parado no tempo mesmo. Nenhum prédio ou construção de alvenaria. Tudo feito em madeira, em estilo colonial. Nada de automóveis. Mesmo porque não havia necessidade, de tão pequeno que era o lugar. Era possível a um humano atravessá-lo, em alguns minutos, a pé. Ao redor, algumas plantações e criações de vacas, cabras e ovelhas. O vilarejo se resumia a algumas dezenas de casas, um ou outro comércio e uma igreja. Não vi escolas, postos de saúde, de polícia ou qualquer outro serviço público. Os moradores deviam utilizar os serviços da cidade mais próxima. No caso, da comuna de Villacidro. E o meio de transporte mais comum parecia ser os bois e cavalos, utilizados como montaria ou para puxar carroças. Dava pra entender o nome do lugar: Dimenticato, que, em italiano, significa "Esquecido". Aquela gente devia mesmo estar ali esquecida por todos. Deve ter sido escolhido a dedo por Aro, para esconder seu segredo. 
Mas o nosso destino ainda não era o vilarejo e, sim, uma casa, um pouco mais afastada da "civilização", localizada mais ao alto, na floresta. Nos dirigimos até lá, mas qual foi nossa surpresa ao chegamos no local e não encontrarmos nada, a não ser árvores e mais árvores. Olhamos em todas as direções, mas não havia nenhuma habitação. Nem sequer uma cabana no alto de uma árvore ou coisa parecida.
_ Isso é alguma brincadeira? _ irritou-se Johan.
_ Bem, ou Carlisle nos trouxe para alguma armadilha ou nossa amiga está brincando conosco. _ sugeriu Caius.
_ Certamente nossa amiga está usando seus poderes. _ concluiu Marcus, com total certeza em sua afirmação.
Carlisle, então, pediu silêncio a todos e começou a falar a esmo, em alta voz.
_ Esme! Rosalie! Diga à nossa amiga que não precisa ter medo. Marcus e Caius vieram em paz e trouxemos a pessoa que ela pediu, como prometemos. Johan está aqui.
Nesse momento, vi o semblante de Johan mudar, como se a "ficha tivesse caído, como se já tivesse matado a charada. Pra ele estava óbvio de quem se tratava. Apenas uma pessoa tinha o poder de causar tamanha ilusão de ótica, de conseguir sugerir pensamentos e fazer a pessoa acreditar neles como uma verdade incontestável. Passou de cético e desconfiado a um misto de surpreso e assustado, como se lutasse consigo mesmo para acreditar no que sua mente já havia captado.
_ Nina? _ disse baixo, como um pensamento verbalizado. Em seguida, repetiu o mesmo nome, várias vezes, cada vez mais alto _ Nina! Ninaaaa!! _ gritando e andando de um lado para outro, procurando-a.
De repente, o que era um agrupamento de árvores diante de nós, começou a se transformar numa casa de madeira. Algo semelhante a uma casa de bonecas, com uma varanda na frente e um belo jardim ao redor. Parece que havíamos sido submetidos a ação de Nina. Era a forma que ela usava para manter-se longe de olhos humanos e não-humanos. Talvez por ordem de Aro, que não queria que fosse descoberta. 
A porta, então, se abriu e de dentro da casa saiu uma mulher de longos cabelos castanhos escuros e franja, estatura mediana, traços finos e delicados, olhos vermelhos e pele branca, muito branca, e lisa como cera. Ela lembrava uma boneca de porcelana, mas de olhar triste. Logo em seguida, surgiu Esme e Rosalie.
De trás da casa, saíram Leah, Josh e Emmet, que abriram um largo sorriso ao nos ver. Apesar de querer correr e abraçá-los, o momento exigia respeito e atenção. Johan parecia hipnotizado com a imagem à sua frente.
_ Você está viva? Minha Nina... viva? Todo esse tempo? _ dizia isso como se não acreditasse no que seus olhos contemplavam.
Nina, então, estendeu as mãos, pedindo que se aproximasse. Quem sabe se a tocasse... 
Nós todos estávamos na expectativa. Assistindo a cena como se víssemos um filme em seu momento mais marcante. Jake, acho que comovido com a situação, veio pra perto de mim e me abraçou por trás, beijando o alto da minha cabeça. 
Johan poderia ter chegado até Nina em segundos, mas preferiu caminhar lenta e cuidadosamente até ela. Quando estava próximo o suficiente, estendeu um dos braços e tocou-lhe primeiro as pontas dos dedos, observando cada detalhe. Depois entrelaçaram as mãos. Com a outra mão, Johan a tocou no rosto e a acariciou, sendo correspondido por Nina, que, com os olhos fechados, roçou a bochecha na palma de sua mão. E, enfim convencido do que estava presenciando, Johan balbuciou:
_ É você, minha Nina. E viva!
_ Sou eu mesma Johan. Sua Nina.
E, então, se abraçaram. Johan parecia não saber o que fazer: hora a abrigava em seus braços; hora segurava seu rosto com as duas mãos e a fitava, como se precisasse ter certeza que era ela; e hora beijava seu rosto e boca. A cena era, ao mesmo tempo, linda, comovente, triste e melancólica. Ver duas pessoas que se amam se reencontrando após décadas separadas era algo emocionante. Mas saber o motivo de tal separação forçada, era dolorosamente revoltante.
O momento foi abruptamente interrompido pela presença de vampiros se aproximando. Todos nós, imediatamente, nos colocamos em posição de atenção e ficamos preparados. Jake, Sam, Josh e Leah, num salto, se uniram, à nossa frente, já transformados. Emmet e Chelsea, se juntaram aos lobos e aguardaram o que estava por vir. O barulho de passos velozes, cortando a vegetação, ficava cada vez mais perto. Nina, então, sussurrou:
_ Não há nada e nem ninguém aqui além de árvores. Apenas árvores! _ ela repetiu isso algumas vezes, com um tom de voz que lembrava cristais finos tilintando ao vento. Num sussurrar constante e aveludado. Seu poder era direcionado e atingia apenas o alvo desejado. Nós, mesmo seduzidos pelo canto hipnótico, continuávamos vendo o cenário real e não o imaginário, o qual ela sugestionava.

O Grupo Paris Filmes – responsável pela distribuição da Saga Crepúsculo no Brasil – falou recentemente sobre o DVD/Blu-ray de Eclipse no seu Twitter oficial (@ParisFilmes). Que está sendo ansiosamente aguardado. Confira:



Fonte. Via.


 

...